domingo, 24 de março de 2013

Refugiados posam com sua posse mais importante

Enquanto estava em missão para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o fotojornalista Brian Sokol desenvolveu este projeto, intitulado "A coisa mais importante", que apresenta retratos de refugiados com seu pertence pessoal mais importante, que nos permite refletir a desigualdade no mundo, onde poucos temos tanto e outros tão pouco. A Agência de Refugiados da ONU explica que:

- "Mais de 105 mil refugiados cruzaram a fronteira entre os estados do Nilo Azul e do Alto Nilo no sul do Sudão desde novembro de 2011. Os milhares de refugiados são forçados a deixar suas casas, muitas vezes, no meio da noite, e viajar a pé por circunstâncias traiçoeiras e perigosas, às vezes, por semanas sem ter o que comer e contraindo graves doenças".

Interessado em suas histórias, Sokol perguntou às pessoas qual o pertence que eles têm agora em sua nova vida que é o mais importante para eles. Alguns desses relatos comoventes podem molhar olhos mais sensíveis e hão de marcar os corações mais gelados. Muitos destes pertences incluem coisas tão banais como recipientes de água e panelas que são acarinhados não só porque constituem a única e última lembranças de casa, mas também porque serviram como um meio para a sobrevivência. Para ler mais sobre suas viagens, você pode conferir o projeto completo no site da ACNUR.

A coisa mais importante para a garota Maria, de 10 anos de idade, é um galão velho que ela segura orgulhosa nesta fotografia tirada no acampamento Jamam no condado de Maban, Sudão do Sul.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante para Omar, que não tem certeza de sua idade exata, mas acredita que está entre 60 e 70 anos de idade, é o machado que mostra nesta fotografia. Ele usou a ferramenta para cortar lenha para cozinhar e para fazer pequenas estruturas de madeira onde sua família conseguia dormir à noite, e às vezes para descansar por alguns dias em um momento, durante a sua jornada de fuga.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante que Magboola, 20, foi capaz de trazer com ela é a panela que sustenta nesta fotografia. Era pequena o suficiente para que pudesse levar com ela, mas grande o suficiente para cozinhar sorgo para si e para suas três filhas durante a dura viagem.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante que Al Haj, 27 foi capaz de trazer é o chicote que ele segura. Sem isso, diz, não teria sido capaz de manter juntos seu rebanho de 50 cabras, e agora seria apenas um indigente.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante que Shari, 75, tem no momento é a vara que segura na fotografia: - "Eu já tinha essa vara desde que fiquei cega há seis anos", disse ela. "Meu filho (Osman, 40) me levou ao longo da estrada com ele. Sem ele, e esta simples vara, é bem provável que estivesse morta agora".
Refugiados posam com sua posse mais importante


O objeto mais importante que Dowla, 22, foi capaz de trazer com ela é a balança de madeira que sustenta sobre o ombro, com a qual carregou seus seis filhos durante a viagem de 10 dias a partir de Gabanit para o Sudão do Sul. Às vezes, as crianças estavam muito cansados de tanto caminhar, obrigando a abnegada mãe a carregar pelo menos dois de cada lado.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante que Ahmed, 10, foi capaz de trazer com ele é Kako, seu macaquinho de estimação. Kako e Ahmed fizeram a viagem de cinco dias fugindo de Taga na fronteira sul-sudanesa juntos na traseira de um caminhão. Ahmed diz que não pode imaginar a vida sem Kako e que a coisa mais difícil de deixar sua casa em Nilo Azul foi ter que deixar toda a sua família para trás.
Refugiados posam com sua posse mais importante


O mais importante objeto que Hasan, incerto de sua idade, mas acredita ser algo entre 60 e 70, trouxe de sua terra é a carteira surrada vazia que exibe. Embora seja agora um indigente, deixou Maganza com dinheiro suficiente para comprar comida para sua família durante sua jornada de 25 dias até a fronteira do Sudão do Sul.
Refugiados posam com sua posse mais importante


O objeto mais importante que Howard, 21 anos, foi capaz de trazer com ele é a longa espada que mostra na foto, conhecida como "shefe", que ele usou para defender a sua esposa e seis filhos, e seu rebanho de 20 bovinos durante a sua travessia de 20 dias fugindo do condado de Bau à fronteira sul-sudanesa.
Refugiados posam com sua posse mais importante


A coisa mais importante que Haja, 55, trouxe com ela é o xale estampado, conhecido como "taupe", que ela usou para carregar sua neta bebê, Gaze Bal, a única remanescente da família.
Refugiados posam com sua posse mais importante


As coisas mais importantes que Torjam foi capaz de trazer com ele são garrafas de plástico que ele segura aqui. Em uma carregava água potável e na outra, o óleo de cozinha. - "Tudo que eu podia levar era isso, e um machado. Nós não podíamos trazer muito, e ainda tive infelizmente que abandonar algumas pessoas mais idosas para trás".
Refugiados posam com sua posse mais importante


A guerra civil sudanesa já dura ao menos 46 anos. Este conflito entre o governo muçulmano e guerrilheiros, baseados no sul do seu território, aliado a períodos prolongados de seca já fizeram mais de 2 milhões de mortos. A introdução da Sharia causou a fuga de mais de 350 mil sudaneses para países vizinhos. Entre outras medidas, a lei islâmica determina a proibição de bebidas alcoólicas e punições que vão desde as chicotadas e mutilação até ao enforcamento.

Estes confrontos não diferenciam militares de civis, na verdade ninguém sabe quem é quem e nem faz questão de saber. As histórias decorrentes não diferem muito das carnificinas protagonizadas nas guerras tribais, como lemos na história da valente Valentina.

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